sábado, 15 de março de 2008

Carpe diem, Maria.

Maria olhava a rua pela janela do seu apartamento. Sentia-se tão só! Em seus 22 anos, nunca havia sido realmente importante na vida de alguém. Haviam tantas 'Marias' no mundo, por que ela deveria destacar-se entre as demais?


As nuvens estavam carregadas, logo iria chover. Sentou-se na poltrona e ligou a televisão. Trocou de canal diversas vezes, não havia nada interessante para assistir. Andou até a cozinha para preparar um café, a água estava fervendo. Pensamentos negativos iam e vinham em sua cabeça, ela era um nada, eis a verdade.


Apagada, esquecida. Uma Maria entre as outras milhares, um rosto a mais entre a multidão, um número a mais no censo habitacional, e só, nada mais. Além de tudo, ela sabia que... Bem, na verdade, ela não sabia de nada.


Desistiu do café, andou até a porta, e, girando sua chave cheia de chaveiros coloridos, abriu-a. O prédio estava barulhento demais aquele dia, era impossível pensar ali. Maria não queria pensar, ao contrário, gostaria de deixar a mente livre, mas ali não era o lugar certo.


Chegando no hall, pode notar que a chuva era espessa, e não havia sequer uma alma na rua. Menos mal - pensou ela. No final do quarteirão, havia uma praça que a agradava bastante. Durante os dias de semana, sempra passava por ali, mas em sua correria diária, nunca tivera tempo para apreciá-la mais calmamente. Andando na chuva, sem se importar com o que falariam ou pensariam, foi deixando para trás aquele sentimento de vazio e os maus pensamentos. A água da chuva banhava o seu corpo, pela primeira vez, sentia-se viva. Sentada em um banco com os olhos fechados, não viu quem se aproximava. Sim - era ele. Sentou-se ao seu lado, perguntou coisas banais, e ficaram conversando na chuva, até que então, como em uma cena de filme, ele beijou-a, da forma mais sincera e pura.


Uma estranha sensação apoderou-se de Maria, era como se durante anos estivesse faltando-lhe uma peça, que acabava de ser encontrada. Os pingos foram diminuindo, até que a chuva parou. De mãos dadas, caminharam pela rua, sem um rumo certo. Não sabiam para onde iam, mas tinham uma certeza: estariam juntos.


Então Maria percebeu que viver realmente poderia valer a pena.

7 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, adorei. Aliás, um dos poucos textos seus que a esperança otimista está presente... surpreendente. Realmente!! Parabens.

Anônimo disse...

A Sofia ainda vai surpreender muita gente... =P
Aw... não abandone o delirioooos~ se tá dificil continuar por causa do tempo, coloque um "hiatus" até vc ter mais tempo. Mas não abandoneeeeeee~ =(

Anonimo disse...

Lindo texto moça! Muito mesmo, parabéns, muito libertário, subversivo dos valores acomodantes que sufocam muitas pessoas, adorei as imagens que construístes.

Chuva de palavras que lava a alma.

Beijos

Deftones disse...

Muito bonito e cinematográfico, o texto. Muito singelo e verdadeiro. Uma elegia emblemática, tocante, apaixonante... Enquanto isso, muitas pessoas acham que vão encontrar seus amores em shows pirotécnicos e coloridos com danças sensualescas e vulgares.

Bela postagem, como sempre!

Anônimo disse...

Fran =)

Quanto tempo não? estive meio ausente mesmo, vivendo um pouco pra pintar a vida da minha forma.

Tem horas que a gente se sente só mais um mesmo. A vida é tão interessante, dolorosa e tantos adjetivos que incluem até " assustadora". E me lembro que alguém aqui me disse que o medo é um dos maiores sentimentos.

=)

Quando a gente menos espera, acontece o nosso maior desejo. As vezes na tarde mais chuvosa, ou na manhã mais nublada.


Te cuida fran
;)

Anônimo disse...

Andei sumida... mas aqui estou eu, pra encher a sua paciência: ATUALIZAAAAA!!!!!!!!

Di' stante Enfim disse...

Bravo, bravíssimo senhorita! Sempre me surpreende quando dá uma folga para toda desesperança que permeia a maioria de seus escritos. Agora não restam-me dúvidas: tua versatilidade estilística não é fé; é fato!