domingo, 13 de abril de 2008

Morte em lábios rubros

O medo te cerca, a dor te rodeia, há para onde ir? Você, bicho acuado, não sabe o que fazer. Anda pelas ruas à noite, com um cigarro na mão, no coração, sofrimento. Enquanto acelera os passos, luta contra o monstro interior, o maior e mais cruel monstro: a solidão. Pare no bar e - Garçom! - peça uma bebida, que mal tem? Quando o mundo acabar, então verás, todo o pranto foi (em vão), porém as dores vêm, (não se vão) jamais irão. A vida é assim, quem somos nós para discordar? Pequena menina em um mundo grande demais, volte para casa, a luta acabou.


Vidro quebrado, vinho na taça, elementos secundários de um banheiro ainda cheio de vapor quente. Enquanto a água transbordava pela banheira, um corpo nu jazia no chão. Cabelos negros emaranhados, unhas vermelhas, lábios fartos e rubros, enfeitada por uma certa beleza póstuma, atraía olhares curiosos. O vidro de pílulas tombado, revelava causas, mas não esclarecia nada. Podia ser apenas mais um corpo gélido, mas não era, era Ela. Dona de mil sonhos, não registrados em testamento. Um papel escrito à mão, perfumado com essência de rosas, trazia a última inscrição: para sempre sua, lhe deixo como herança um coração que não pode bater, mas que lhe ama, com toda a força de uma alma que há muito jaz em lugar algum.

Deste modo, Ela se foi, enxendo de lágrimas os olhos de desconhecidos, que comoviam-se com tão bela morte. E dizem que há muito se procura um amor tão grande assim.

9 comentários:

Bárbara Lemos disse...

Há algo nesse mundo mais belo que a tristeza? E que a tristeza causada por uma desilusão amorosa? E um suicíio causado pela tristeza de uma desilusão amorosa?

É tanto amor, tanto amor que ela tem dentro de si que resolveu morrer por ele. Lindo, menina. Lindo, triste, trágico.

Beijo meu.

Paulo Henrique Pergher disse...

Sonhos

Dizes-se amor, assassínio amante...
Pois és um encantador de sonhadoras donzelas.
E és, também, um pobre que as seduziu:
disseras-lhes que um lhes valeria por mil.

---

Se te fizer jus, gostaria de postar em meu blog e refefir-te, mencionar teu post.

E fico feliz que te agradou, volte sempre que quiseres.

rickgaldino disse...

oi... eu tenho um presente pra vc no meu blog


www.rick-galdino.blogspot.com

Camila. disse...

Ora. Mágico mesmo, ahn?
Mas foi realmente forte, isso. Sua morte, sua vida.
Fui, aliás, eu quem me senti agora sem ar algum.

Anonimo disse...

Putz! Muito lindo isso Fraan, escrito mui forte, intenso, visceral, como aliás lhe é comun, gostei muito.

Eu também procuro um amor assim.

Beijos

Bárbara Lemos disse...

Eu escrevo com alma? E você, o que faz? Vejo todos os seus medos, gostos, suas experiências também. E a ironia que usa é admirável. É difícil nos escondermos nas nossas linhas, sabia? Algo sempre acaba escapulindo.

Obrigada pelos elogios.

Beijo meu, linda.

Anônimo disse...

Lindíssimo texto. Tens o dom! Fala de um sentimento teu, mas que podemos sentir nitidamente através das palavras que usa.
Parabéns.
Beijos

Paulo Henrique Pergher disse...

Lá está, obrigado. :)

Di' stante Enfim disse...

Alguém abriu a porta de emergência outra vez. Enfim, a causa não deixa de ser nobre(tolo, vão e nobre sentimento)