Entre parênteses

Abro parênteses de uma história qualquer, então ela pensou, "e o que sou eu, enfim, no meio de uma multidão de iguais, perambulando à espera de uma felicidade inalcansável, e, como um cão, roendo velhos ossos que, por caridade, me alcançam?". Ah, respostas! - nada convincentes, diria-se. Deitou em uma calçada fria, com a barriga para cima, como um animal querendo carinho. Olhou para um céu sem estrelas, e uma lua escondida entre nuvens. Não, isto não é nada acolhedor. "Por que seguir nesta busca inútil? Sou tão pequena diante deste mundo, que nem sequer sou vista a olho nu.", virou-se para o lado, tomando, no gargalo, um último gole. Era uma noite fria, não conseguia mais sentir seus pés, descalços. Mas ela sabia que havia algo diferente. Naquela noite, tudo iria mudar. Sentiu pequenos flocos de neve caindo em sua pele suja, o frio parecia uma navalha, cortando, pouco a pouco, o seu corpo frágil. Já não conseguia mais mover-se, até que, por fim, ela suspirou, com a certeza de que a mudança havia chegado. Suspirou e dormiu o sono eterno, fechando parênteses em sua curta e medíocre história.

Ps: desculpem a ausência, estou sofrendo de uma grave doença, chamada "falta de inspiração constante". Volto quando der, e perdão pela estória tão mal escrita.