Ela não queria sentir medo, mas cada palavra era como navalha, atravessando sua pele. O corpo estremecia, o chão se abria sobre seus pés. A respiração ofegava, as forças esvaíam-se de seu corpo com tanta velocidade que, por um momento, pensou que cairia. Tentava conter as lágrimas, mas elas, teimosas, insistiam em rolar pela sua face, demonstrando toda a sua fraqueza, a sua incapacidade diante daquele olhar frio, distante e intimidador.
Tinha se sentido pequena durante a semana inteira, mas não tão pequena da forma que se sentia agora, escorada naquela parede, tentando entender a forma como as coisas haviam desenrolado-se. Ela realmente não reconhecia aquela pessoa que estava à sua frente, não enxergava mais amor em seus olhos, enxergava a ira, o lado negro, o abismo de uma alma. Queria poder sair correndo, tapar seus ouvidos, para evitar aquelas palavras que tanto a magoavam, que abriam feridas em seu coração. Mas agora, era como se suas pernas estivessem presas ao concreto, não conseguia se mover, pois sabia que merecia ouvir cada sílaba daquelas. Olhava para baixo, porque faltava-lhe coragem de encarar aqueles olhos fulminantes que a fitavam ali, desamparada, desprotegida, havia baixado a guarda e sequer sabia como defender-se. Pela primeira vez em muitos meses, sentiu-se completamente só.
Falava algo às vezes, o que não diminuía a intensidade daquele olhar, nem a força que as palavras ouvidas exerciam sobre sua mente, derrotando-a quase que por completo. Queria poder tocá-lo, mas havia uma barreira invisível que a impedia de dar um passo para frente, e mesmo que não houvesse nada impedindo-a, quem era ela para ousar tanto?
Estava destruída por dentro, mas reunia suas forças, precisava fazer algo. De repente, como se tivesse sido invadida por uma estranha centelha de luz, revidou. Encheu-se de uma coragem que não sabe de onde veio, disse que ele fizesse o que achava que deveria ser feito. E mesmo que ele negasse, ela sabia o que fazer, e fez. Beijou-o com toda a intensidade, sentiu o calor de seu corpo e apreciou o seu toque.
Quando olhou-o novamente, pôde reconhecer ali o homem pelo qual se apaixonou, ele havia voltado à si. Saindo daquele transe de semi-inconsciência, transpondo a barreira que ali havia se instalado, chorou, abraçando-o e sentindo-se novamente amada e protegida. Percebeu, mais uma vez, que estar perto dele era uma necessidade vital, e se ele a abandonasse, ela simplesmente morreria, porque a vida não faria mais sentido algum.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
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8 comentários:
oiee
quanto tempo!!
gostei muito do texto!!
vc tem uma habilidade com as palavras que eh incrivel!!!
vc deveria publicar seus contos em um livro
ia fazer muito sucesso!!
=D
Beijos
te mais
;**
Acho tão terrível e dolorosa só a imaginação distante... É cruel aquele abandono.
A essa sensação de dependência, necessidade, amor extremo... é tão vital, é tão bonita. Invejo quem a tem, invejo muito. Admito.
Beijo, moça.
Hm, esse realmente surpreendeu... Aliás, surpreendeu mas não deveria surpreender, né? Essa que é a grande virtude desse conto: mostrar que muitas vezes, o nosso orgulho torna-se inimigo... Enquanto a garota estava acuada, triste e castigada, poderia ser muito fácil fugir da situação, ignorar sua culpa, etc... Mas ato corajoso dela, movido por um impulso amoroso, bem demonstrou que às vezes, num problema de relacionamento, o que falta é justamente essa coragem, a humildade em reconhecer seus delitos, mas tentar afirmar que existe algo que é muito maior que tudo isso, que é aquilo que os une - o que une duas pessoas, não importa a situação, é sempre maior do que o que as separa. Cabe, porém, a elas aprofundar este laço ou afrouxá-lo... Em geral, a segunda opção é a que mais acontece...
Acho que essa pequena história foi na mosca... Parabéns, belo trabalho... Saudações!!
Oi Francieli, meu email é leonknunes@yahoo.com.br...
Obrigado pela oportunidade de poder continuar lendo teus textos.
Até mais!!
Francieli, desculpe...
Cadastre o lknunes@gmail.com...
Ignore meu último comentário... Até!!
NUUS muitooo³ lindoo ameei *---*
visiita o meeu amr?
bjaaao adoreei aq *o*
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